Com base no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Quioto, a Plantar Carbon, em parceria com o Fundo Protótipo de Carbono (PCF) e o BioCarbon Fund (BioCF), ambos do Banco Mundial, desenvolveu e tem implementado com sucesso diferentes atividades de projetos, que geram créditos de carbono, conhecidas de maneira consolidada como “Projeto Plantar”. Trata-se da primeira iniciativa brasileira no âmbito do MDL.

O objetivo geral é reduzir a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, por meio do estabelecimento de novos plantios sustentáveis de florestas de eucalipto, da produção bem manejada de carvão vegetal renovável, visando à redução das emissões de metano (CH4) e do uso de carvão vegetal renovável na produção de ferro-gusa verde®, ao invés de coque de carvão mineral.

Ao longo de trinta anos, a iniciativa diminuirá a concentração de CO2 na atmosfera em aproximadamente 12,8 milhões de toneladas equivalentes. O PCF e o BioCF (Bio Carbon Fund) já compraram parte desses créditos da Plantar Carbon, numa operação financeira estruturada, pioneira no mundo, em parceria com o Rabobank International.

As florestas plantadas prestam um grande serviço ambiental na medida em que possibilitam a reciclagem do CO2. Ou seja, a partir da fotossíntese, as florestas plantadas absorvem o CO2 já existente na atmosfera, estocam o carbono na biomassa e se tornam uma fonte renovável de matéria prima ou de energia, na forma de carvão vegetal, que podem ser utilizadas no lugar de produtos ou fontes energéticas não renováveis.

No caso da siderurgia, para cada tonelada de ferro feita com carvão vegetal proveniente de florestas plantadas há um ganho ambiental de aproximadamente três toneladas de CO2, em comparação ao uso de combustíveis fósseis ou não renováveis (por exemplo, o carvão mineral). É justamente esse benefício para o clima que pode ser vendido a investidores internacionais como “reduções de emissões certificadas” (Certified Emission Reducions – CERs), a serem abatidas de suas metas junto ao Protocolo de Quioto ou outros acordos.

TIPOS DE CRÉDITOS

Os projetos próprios do Grupo Plantar geram dois tipos de créditos de carbono, já que os créditos relacionados ao aumento dos estoques de carbono por meio do reflorestamento devem ser contabilizados separadamente, conforme os riscos de “não-permanencia” regulamentados pelas Modalidades e Procedimentos do MDL. (RCEts ou reduções de emissões certificadas temporárias). Já os créditos relacionados às atividades industriais (redução de emissões de metano no processo de carbonização e uso adicional de carvão vegetal na siderurgia) geram reduções de emissões certificadas (RCEs).

  1. Projeto Florestal: remoções líquidas de CO2 da atmosfera, por meio de novos estoques de eucalipto, plantados sustentavelmente (geração de RCEts).
  2. Projeto de Carbonização: redução de emissões de metano (CH4) no processo de produção do carvão vegetal renovável (carbonização da madeira). Uma pesquisa científica, especialmente desenvolvida para o Projeto, permitiu a mitigação de metano por meio de melhorias na gestão do processo de produção, incluindo o controle do rendimento gravimétrico (medida já desenvolvida) e a queima do gás metano (medida em desenvolvimento).
  3. Projeto de Produção de Ferro-Gusa Verde ®: redução de emissões de CO2 no processo de produção do ferro-gusa, usando carvão vegetal renovável ao invés de coque de carvão mineral (geração de RCEs).

Além dos créditos mencionados acima, existe também a recuperação de áreas de vegetação nativa de cerrado em terras não florestadas, em áreas de reserva ou acima das exigências legais (atividade piloto adotada pelo Grupo Plantar, que por enquanto não gera créditos de carbono).

ADICIONALIDADE

Cenário de Referência / Linha de base (uso de combustível fóssil ou não renovável): “Uma tonelada de ferro-gusa produzido com carvão mineral emite aproximadamente 1,9 toneladas de CO2”

Cenário proporcionado pelo Projeto (uso de carvão vegetal renovável): “Uma tonelada de ferro-gusa produzido com carvão vegetal renovável evita as emissões do uso de matéria prima fóssil e gera estoques adicionais de carbono nas novas florestas plantadas, absorvendo (sequestrando) em média 1,1 toneladas de CO2″ da atmosfera.

Conclusão: considerando as emissões evitadas no processo industrial e o estoque de carbono propiciado pelos plantios sustentáveis do projeto, o uso de carvão vegetal de florestas plantadas na produção de ferro gera um ganho ambiental de aproximadamente três toneladas de CO2 para cada tonelada de ferro produzida. As reduções de emissões de metano geradas pela atividade de carbonização são contabilizadas separadamente.

FONTE DE CARBONO PARA PRODUÇÃO DE FERRO GUSA CARACTERÍSTICAS
Coque de carvão mineral Combustível fóssil (fonte de emissões de GHG)
Carvão Vegetal de florestas nativas não renováveis Fonte não renovável (fonte de emissões de GHG)
Carvão vegetal de florestas plantadas Fonte renovável

PIONEIRISMO E POTENCIAL DE REPLICAÇÃO

O Projeto Plantar foi o primeiro no Brasil a ser escolhido e aprovado pelo PCF/Banco Mundial devido ao grande potencial de replicação nos setores de base florestal, inclusive o setor siderúrgico. Com os incentivos financeiros adicionais proporcionados pelos créditos de carbono, a produção de ferro, baseada em carvão vegetal, renovável se torna mais atrativa e se configura numa alternativa estratégica para minimizar o uso de insumos de base fóssil ou não renovável. Vale lembrar que a empresa e o Brasil desenvolveram tecnologia própria, de larga escala, para produção de ferro e aço à carvão vegetal renovável. A partir dessa iniciativa, o Grupo Plantar se tornou o primeiro no mundo a produzir 100% de ferro-gusa baseado em carvão vegetal renovável (ferro-gusa verde®).

Quase toda a siderurgia mundial é baseada em coque de carvão mineral. O incentivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) representa uma importante fonte de recursos externos para promover o desenvolvimento limpo e sustentável de uma cadeia produtiva estratégica para o país. O Projeto também contribuiu para a elaboração de políticas públicas de mitigação e desenvolvimento sustentável, em nível estadual e nacional. Trata-se de uma oportunidade, de grande escala, para combater o aquecimento global, na medida em que tem alto potencial de replicação, inclusive de cooperação sul-sul.

BENEFÍCIOS SOCIOAMBIENTAIS

Os Projetos são pautados pelos mais altos padrões de sustentabilidade, contando com diversos indicadores, como o monitoramento da biodiversidade nas áreas de plantios e reservas. As atividades de reflorestamento e a siderurgia à carvão vegetal são excelentes fontes de geração de empregos no meio rural. Nos Projetos Plantar, mais de 1200 empregos diretos são gerados na região de Curvelo, Minas Gerais. Os plantios de eucalipto e a produção de carvão vegetal são objetos de rigorosos critérios de gestão socioambiental, por meio de sistemas de certificação florestal e das salvaguardas do Banco Mundial. Portanto, além de promover o reflorestamento sustentável e a siderurgia a carvão vegetal como uma alternativa de vanguarda na proteção do clima, os créditos de carbono também possibilitam a internalização de variáveis socioambientais importantes para a evolução do processo produtivo. O Projeto é auditado por entidades independentes, que realizam verificações periódicas.

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS:

  • Produção de ferro-gusa verde®, com carvão vegetal oriundo de florestas plantadas e bem manejadas, que contribuem para a conservação da biodiversidade, proteção da fauna, dos solos e das águas.
  • O projeto florestal tem as áreas certificadas conforme os princípios e critérios do FSC (Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal). A certificação FSC indica que, além dos aspectos econômicos, as florestas plantadas têm sustentabilidade socioambiental.
  • O Projeto Plantar também segue as salvaguardas do Banco Mundial, que contempla diversos indicadores de sustentabilidade ambiental e social, especificamente voltados para o projeto.
  • Dentre os diversos aspectos ambientais monitorados pelo FSC ou pelo Banco Mundial, destacam-se os seguintes:
    • Monitoramento de indicadores qualitativos e quantitativos da fauna e da flora;
    • Identificação e preservação de áreas de alto valor de conservação;
    • Monitoramento dos aspectos físicos, químicos e biológicos das águas que correm pelas propriedades da Plantar;
    • Campanhas de educação ambiental em parceria com as escolas públicas locais e comunidades vizinhas;
    • Atividades constantes de prevenção a incêndios, como a construção de grandes torres de vigilância, realização de campanhas de conscientização, manutenção e treinamento de brigadas anti-incêndio devidamente equipadas;
    • Manejo adequado de áreas de plantio, reservas legais e áreas de preservação permanente (cultivo mínimo, proteção do solo, aceiros, corredores ecológicos, controle de nutrientes para o solo, etc.).

BENEFÍCIOS SOCIAIS E ECONÔMICOS:

  • O plantio de árvores, o manejo e a produção de carvão vegetal renovável, são atividades de grande geração de empregos no meio rural, normalmente regiões pobres e carentes de emprego e renda. Os projetos do Grupo Plantar geram mais de 1000 empregos direto no campo.
  • Parcerias em diversos projetos sociais com as comunidades locais, prefeituras e demais instituições da sociedade civil;
  • Monitoramento das condições de trabalho e saúde dos colaboradores;

  • A biomassa, cultivada por meio de plantios sustentáveis de alta produtividade, é uma excelente fonte de energia limpa e renovável e conecta o desenvolvimento rural ao industrial.
  • As atividades do projeto são descentralizadas, desenvolvidas por pequenas e médias empresas, todas de capital nacional, sem depender de insumos importados;

  • Além de suprir o mercado interno, o ferro-gusa verde® é exportado, gerando divisas para o país;
  • Geração e receitas de impostos para municípios pequenos de zonas rurais;
  • Contribui para o desenvolvimento sustentável das regiões onde é implantado.
  • Contribui para o avanço da tecnologia florestal e de carbonização, desenvolvidas em nível nacional e aplicáveis a outros países em desenvolvimento.

NEGÓCIOS